16 de jun. de 2015

Lugares "seguros".

O dia começa e ela se levanta sem acordar a menina que está na cama ao lado. A porta range um pouco ao abrir mas sucata faz esse som mesmo.

Do outro lado ela chega em um comodo com algumas caixas, alguns baldes com água, um pouco de luz do sol entrando pelas tábuas da janela.

Lava seu rosto e acende um fogareiro para aquecer um pouco de água. Puxa a blusa de um varal interior e tira a barra de ferro barulhenta estrategicamente colocada na porta. Do lado de fora da tenda, embaixo de um latão virado com a boca para baixo todo furado, um tímido tomateiro apresenta seus vermelhos e exuberantes frutos. 

Cotidiano

É muito bom acordar e sentir o ar mais puro imaginável.

É muito bom ouvir o som da paz a noite quando as luzes se apagam.

É muito bom quando o frio gélido da madrugada se rende ao calor aconchegante da manhã.

Melhor ainda é saber que 85% da raça humana já não existe mais.

12 de jun. de 2015

Os novos humanos

Seria impensável um planeta assim.

Eramos o pico da evolução.

O consenso geral era de que, eramos o que eramos e ponto final. Aliás a religião nos ensinava isso.

Mas a criatividade destrutiva do ser humano não tem limites e por uma brincadeira Darwiniana tudo mudou.

Carbono já não é mais a forma principal de vida. 

11 de jun. de 2015

O deserto do mundo real.

  Odeio desertos. Sempre se pensa muito quando está sozinho com seus pensamentos e esse mundo já não suporta mais gente assim. 

  Se existissem vidros nesse veículo, com certeza o único som, tirando o do motor, seria o som do vento passando por ele. Mas para isso precisaria ter um sistema de resfriamento no interior do veículo, já que as temperaturas batem 48º a cinco dias.

   O cansaço causado pelo calor já não interfere mais em meu reflexos. O lenço que protege boca e pescoço, junto com esses óculos inconvenientemente grossos e escuros fazem seu papel em me proteger desse mundo sujo e poeirento. Nem meu cheiro incomodam mais. Nem as luvas incomodam mais.